sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A INICIAÇÃO




Desde tempos imemoráveis, o homem percebeu que sua sobrevivência na terra somente seria possível se unisse esforços com outros semelhantes. Para se defender da natureza, para sobreviver aos animais, para providenciar alimentos e vencer o desafio da vida, deveria se juntar a outros homens, em esforço múltiplo, formando um agrupamento capaz de garantir a sobrevivência da própria espécie, num mundo cheio de insídias.

Numa sociedade pluralista, como a dos estados modernos, muitos são os interesses e os pensamentos, formando um mosaico de tendências, em torno das quais os homens se associam por afinidade. Existem inúmeras entidades de caráter político, social, religioso, assistencial, profissional, mercantil, etc., que agrupam homens afins por pensamentos e interesses. Todas elas dão ênfase à entrada de um novo elemento em suas hostes, manifestando-se de forma diversa. Desde o simples aplauso na assinatura da ficha partidária até à admissão formal nos clubes de serviço; desde o batismo nas religiões até a cerimônia atual de ingresso em uma sociedade iniciática. A Maçonaria não é exceção.

Mas por que motivo a Maçonaria dá tanta ênfase ao ingresso de um novo Irmão na Ordem, através da Iniciação, que é considerada a cerimônia mais importante para o novo adepto? Que tipo de perfil ele tem e qual o modelo de homem que se encaixa na descrição antropológica do Maçom? Para procurar a resposta, nos socorremos da obra "FILOSOFIA DA MAÇONARIA", de autoria do professor Di Bernardo G. M. I. Logo aparece a diferença entre a antropologia maçônica e as antropologias que derivam de uma religião: a VERDADE. Diz o autor: "De fato, para as religiões, a verdade é absoluta, eterna e imutável, e é revelada diretamente por DEUS e o homem não deve fazer mais nada a não ser aceitá-la. Para o verdadeiro Maçom, a verdade é um ponto de referência ideal para o qual ele converge, através do processo de aperfeiçoamento iniciático. E é um caso limite; de fato, poderá se aproximar gradativamente dela, mas nunca alcança-la Se o fizesse, transformaria a Maçonaria em religião, o que a Maçonaria não é".

Portando, o sentido global da antropologia filosófica maçônica se adquire somente através do ritual da Iniciação, ou seja, apenas ingressando na Ordem. Esta é a profunda e fundamental diferença entre a sociedade iniciática e qualquer outra sociedade.

Mas esta análise não é suficiente a caracterizar os requisitos que o Maçom deve assumir para pertencer à Ordem, enquanto sociedade de homens diferenciados. Ele deve integrar-se num conjunto de normas que se obriga a respeitar, normas que comportam a obrigação de ater-se à concepção maçônica do homem, sem exaurir-se nela. Para isso, ele necessita da Luz maçônica, que só lhe pode ser entregue através da Iniciação. Só na iniciação ele compreenderá ter entrado numa dimensão ética nova, num liame simbólico com outros homens diferenciados, a quem foram revelados os mesmos "segredos". Tornar-se-á uma "pedra bruta" única, no meio de todas as demais pedras brutas. Ele desbastará a SUA pedra bruta, com, a colaboração dos outros Irmãos, de forma reciprocamente essencial e pessoal.

Ao ser iniciado, o neófito adquire os meios para diferenciar os conceitos profanos das coisas do seu significado maçônico, passando a agir em conformidade com este último.

A Iniciação é a linha demarcatória entre o mundo profano e o maçônico, no qual o Irmão ingressa naquele momento.
Assim, percebe que, por exemplo, os conceitos de LIBERDADE, TOLERÂNCIA e FRATERNIDADE adquirem novos significados, quando vistos à luz da Doutrina Maçônica.

1 . A LIBERDADE é o requisito principal e imprescindível do iniciado que traz sua imagem da vida profana, mas, maçonicamente, pressupõe não apenas a SUA liberdade, mas, também, a liberdade alheia. No conceito profano, a liberdade é sinônimo de "libertação", pois conceitua a superação de uma situação negativa do indivíduo, em sentido estático (liberdade DA), por exemplo: da escravidão, da fome, da miséria, da ditadura, etc.

No conceito maçônico, a liberdade tem concepção positiva e dinâmica, significando ação e devolvendo a capacidade do homem de escolher e agir, livre e responsavelmente, com base em sua própria vontade (liberdade DE), exemplo: de fazer, de estudar, de pensar, etc.

A Maçonaria concebe um ordenamento moral comum, compartilhado subjetivamente, como a mais alta realização da perfeição iniciática do imanente. E, sendo a LIBERDADE a fonte originária da vida ética do homem, ela é, para os maçons, um conceito fundamental.

2. Por outro lado, vemos que o tema de liberdade individual é estritamente conexo com o princípio da TOLERÂNCIA, ou seja, o respeito à liberdade dos outros. Para o maçom, a tolerância é uma atitude que o induz a respeitar o pensamento de outro homem, embora não concorde com ele, em atenção ao princípio de tolerância à liberdade dos outros, permitindo assim a coexistência de um modo de pensar próprio, com a negação de qualquer forma de integralismo.

A Grande Loja Unida da Inglaterra, em documento de 21 de junho de 1985, proclama textualmente: "... Não existe qualquer DEUS maçônico. O DEUS do maçom é o mesmo DEUS da religião que ele próprio professa".

Este é um exemplo extremo de tolerância, em que a Maçonaria, sem interferir na liberdade religiosa de seus membros, recomenda que os mesmos mantenham suas próprias convicções, respeitando-as.

De fato, o G A D U é o IDEAL, um ZENITH regulamentar, em sentido não-exclusivo e, portanto, premissa indispensável do princípio da TOLERÂNCIA.

3. Na Maçonaria, intimamente conexo à TOLERÂNCIA está o conceito de FRATERNIDADE.

Ele está ínsito na história do homem desde os tempos mais remotos, primeiro como simples vínculo de sangue e, após, como vínculo de família, de tribo e de comunidade.

Retorna mais tarde com a mensagem cristã, na qual todos os homens existem em relação de dependência do ato criador, portanto filhos de Deus e, por conseguinte, irmãos entre si.

Para o maçom, entretanto, a fraternidade está estritamente conexa com a TOLERÂNCIA, pois admite que outros homens possam ter idéias diferentes das suas e, assim mesmo, em nome da tolerância, os considera dignos de sua convivência e de seu respeito, sem realçar quaisquer características subjetivas e individuais, como educação, cultura, inteligência, etc.

Ao fazer isso, o maçom os iguala a si próprio, considerando-os afins a ele e, portanto, IRMÃOS.

Portanto, vimos que a FRATERNIDADE está intimanente conexa com a TOLERÂNCIA e esta, por sua vez, conexa com a LIBERDADE. Mas cabe-nos fazer uma pergunta: será que o maçom poderá desbastar sua pedra bruta e subir pelo caminho da autorealização apenas com esses elementos, sem recorrer ao elemento TRANSCENDÊNCIA? Entendemos que não. Mas para chegar a isso, o caminho é longo e árduo, especialmente para quem recém inicia sua viagem maçônica, como o neófito.

Esta viagem, simbolizada pelas três caminhadas da cerimônia, inicia-se na noite de seu ingresso na Ordem, quando percebe não passar espiritualmente de uma pedra bruta ou, como diria de maneira mais própria nosso Venerando Ir:. SAMUEL HERBERT JONES: uma "PEDRA EM BRUTO.

A Loja, na mesma ocasião, através do "catecismo", lhe entrega as "ferraimentas" com as quais desbastará suas imperfeições e anomalias, a começar pela parte material de sua personalidade. Tais "ferramentas" estão nas primeiras instruções que recebe e compreendem regras básicas e materiais sobre disciplina, ordem, hierarquia, comportamento, postura pessoal em Templo e fora dele, respeito, obediência e, sobretudo, OBRIGAÇõES.

Surge aí, para os incautos, o primeiro choque e, por fim, a pergunta: Será que a Maçonaria é uma organização anacrônica e superada, que numa época em que todos reclamam por seus direitos, aponta e exigem do maçom apenas DEVERES e OBRIGAÇÕES?

A resposta é simples: no enfoque da ÉTICA maçônica, ninguém pode exigir seus direitos ANTES de ter cumprido com seus deveres, sob pena de inversão da ordem de valores, o que levaria ao CAOS, que é o oposto do que se propõe a Ordem, cujo lema filosófico é: ORDO AB CHAO (Ordem do caos).

Cumprindo suas obrigações para com os Irmãos, com a Loja, com a Maçonaria e com a sociedade, o neófito poderá abstrair-se do material e perscrutar seu interior, no qual a Iniciação já jogou, por intermédio da luz de seus ensinamentos, a semente da especulação, da procura da VERDADE.

Depois de superado o período de formação material, num lento disciplinamento de sua personalidade profana e gradual adaptação à personalidade maçônica, adquirida pela Iniciação, o Irmão começará a construção de seu templo interior, num lento caminhar em direção à VERDADE. Mas, terá ele forças e estímulo suficientes para conseguir o que pretende?

No mundo profano em que vive, o homem se encontra em estado de INDIGÊNCIA, pelas frustrações da vida diária e pela falta, cada vez mais acentuada, de aspirações fundamentais de caráter espiritual e moral.

O acesso a tais aspirações, quando as têm, somente se lhe afigura possível através da intervenção da religião e da fé, pois suas capacidades são cada vez mais limitadas, não lhe permitindo o acesso à VERDADE, a não ser pela revelação.

Como explica o professor Di Bernardo, na obra já citada, para o maçom a concepção de indigência está conexa com um transcendente regulador, limite realmente inacessível, em direção ao qual o maçom se esforça aproximar, com a intenção de melhorar e aperfeiçoar a si próprio. A base para isso são as condições intrínsecas do indivíduo e não a intervenção salvadora da divindade, ou seja: a VERDADE concebida como ponto de referência ideal para o qual dirigir-se gradualmente através do aperfeiçoamento iniciático, sem jamais declarar alcança-Ia. Se o maçom assim não agisse, daria à noção de VERDADE um conteúdo de revelação, reduzindo toda a filosofia maçônica a simples religião.

Na Maçonaria, a TRANSCENDÊNCIA justifica a moral e confere sentido à realidade humana, representando o fim supremo para o qual o homem se dirige na realização contínua de seus ideais.

Diria portanto, concluindo, que LIBERDADE, TOLERÂNCIA e FRATERNIDADE expressam propriedades do homem projetado num processo de auto-realização, orientado pela TRANSCENDÊNCIA que, por sua vez, regula o IMANENTE e este tende em direção à TRANSCENDÊNCIA, nos levando a interminável caminhada que nos propormos, em direção à VERDADE que, fundamentalmente, começou com a Iniciação quando, pela primeira vez, nos foi dada a LUZ.




Fonte: Irm Guido Bakos
O PRUMO - Nº 101

2 comentários:

  1. Maçonaria promove segunda edição Projeto Juventude Assistida

    A Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul - GLMERGS, através da Fundação Maçônica Educacional – FME e Loja Obreiro da Pedra n° 118, promovem neste final de semana no bairro Restinga de Porto Alegre a segunda edição do Projeto Juventude Assistida.

    A Maçonaria é uma entidade universal, uma irmandade que tem por objetivo reunir homens bons para que produzam projetos, boas ações e obras que levem a sociedade ao progresso. Esta fraternidade tem por uma de suas características a discrição. Não é secreta, a instituição é discreta. O objetivo da Maçonaria é buscas o crescimento dos membros através do afastamento de vícios e maus hábitos que

    A primeira edição do Projeto Juventude Assistida ocorreu em Gravataí, ano passado. Foram shows, apresentações, competições esportivas e culturais que objetivaram o afastamento do jovem do mundo das drogas. O Juventude Assistida, está baseado em nos pilares da Educação, Combate às Drogas e Profissionalização.

    Dessa forma, convidamos você jornalista formador de opinião, para participar da divulgação desse projeto que é para a sociedade e não para membros da Maçonaria.

    Colabore. Faça sua parte contribuindo para que mais jovens não entrem nas drogas e tenha um futuro digno.

    Ficha Técnica:

    > Projeto Juventude Assistida edição 2011 – Restinga

    > Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul - GLMERGS, Fundação Maçônica Educacional – FME e Loja Obreiro da Pedra n° 118 para jovens carentes.

    > Dias 19 (sábado, 10h, abertura oficial, 10:05min exposição do Relatório Social - Maçonaria e PJA - 10:15min - discursos de abertura, 10:55min - Banda do Colégio Hildo Meneguetti e segue com trabalhos gerais da Rua da Solidariedade e Cidadania durante o dia) e dia 20 (domingo, 9h - Roda de Chimarrão, 14h - Show Musical com Elisiane, 18:30min - encerramento do projeto na Restinga).

    > Bairro Restinga. Porto Alegre

    > O evento acontecerá com inscrições realizadas no local.

    > Para que nossa sociedade seja mais justa e igual através de mais oportunidades aos jovens gaúchos.

    Entrevista com o Coordenador do Projeto Juventude Assistida – Restinga, Gilberto Dihel 51 - 9982.9385

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  2. vão siconverte que e digino de adoração e DEUS JESUS DEU SUA VIDA POR VCS E VCS Ñ RECONHECI COM DEUS VCS VÃO ERDA A VIDA ETERNA E COM SATANIS VÃO GANHA A NORTE MAÇONARIA E TÃO SATANICA QUE EU JÁ EVAGELISEI UM MACUBERO E ELE DISSE QUE ERA MAÇO MUITOS DE VCS Ñ SABEM MAIS E SATANICOS A MAÇONARIA VCS SO VÃO SABER MAIS TEARDE E QUADO VCS VER JÁ TÃO COM A MENTI POLUIDA COM ELES ABRÃO OS OLHOS PQ VCS VÃO SER DESMASCARADOS!!

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Ola, Obrigado por comentar, Volte Sempre!!

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